Tenho sonhado minha vida como se esse sonho fosse um dia se realizar. Mas não vai, eu sei que não vai.
Eu prefiro acreditar, ainda assim, que um dia as coisas acontecem, como a abóbora vira carruagem, e como ratos são cavalos microscópicos. Quero acreditar. Eu vivo de acreditar e de sonhar. Sonhar sonhos irrealizáveis, mas não importa se vão se realizar, bom mesmo é o momento do sonho.
O que importa é o momento em que eu me torno um pavão, um belo pavão que pode o que quiser.
Eu vivo em função do prazer do momento, vivo pra satisfazer o meu ego. Seria eu egoísta? Há quem diga que sim.
Classifico-me como como alguém que não se contenta com essa realidade do mundo, e procura nas mais diversas formas um jeito de escapar, de descer do carro, de voar além da asas.
Seria eu um covarde? Depende do ponto de vista.
Encontro, geralmente na arte, uma forma de esquecer quem sou, viver outras dores, outros amores. Pulsar além de mim. Eu tenho vivido uma vida criada, tenho sido um personagem de mim. Sou um acúmulo de tudo o que vejo. Tenho pensado, mas não tenho feito muitas coisas e vou seguir assim, não pensando no amanhã.
Eu pensei no amanhã de ontem mas quando ele chegou era hoje.