quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Carta Numero sei Lá qual


Eu “sofro” de amanhecimento precoce e vai ser sempre assim, até amanhã de manhã.    

  Tem tanta tinta que eu estou ficando tonto, mas escrevo ainda assim oitocentas mil palavras pra tentar explicar o que você já sabe. Coisas do tipo, como eu acho bonito teu jeito esquisito de não falar. Eu já lí-rios de livros de poesia pra tentar compreender, mas desisti.   
  
Eu só queria escrever uma coisinha que te fizesse sorrir de canto, que te dissesse que eu gosto de ti um tanto, mas sei lá, eu tenho guardado as chuvas no guarda-roupa, e a saudade estou (a) guardando nos cabides pra não pesar por cima da roupa. E a gente sempre pode dançar um samba sem com-passos, e como dois estranhos que somos sair insanos por aí e ver o sol nascer.
Eu vou tentar pôr do sol nessa carta.    
  
Você é pássaro cata-vento menino do rio, e eu te gosto tanto que nem sei agir, com você é no improviso, quando eu acho que conheço tuas caras e cores de cor, você se pinta e borda. Mas teus cheiros eu conheço bem, eu já te adormeci, já te amanheci, e mesmo querendo te acordar, deixei dormir mais um pouco. E foi bom te ver dormir.     

  Você é ladrão e causador de sorrisos, mas não vou te prender por isso.    

Eu não entendo o que acontece comigo quando te vejo, mas é mais ou menos assim: Vejo-te por um segundo rotatório e meu coração corre, acelerando o ritmo da música, e em quadrângulos milésimos me faço tão feliz que me explodo em mim, perco o rumo com minhas pupilas dilatadas de sol.     
     Os dias pássaros
 Como passam os passos
     Os dias passarinho
 Assim, rapidinho
     Os dias passarão
 E é isso que importa

São 4:00 e eu estou esperando Amanhã-ser, pra pôr do sol nessa carta, mas minha insônia está passando.
 Não gosto de planos, sou mais momentâneo do que isso, mas pra próxima podíamos tomar um café em francês, sairíamos as três e sem relógio. Pra criarmos o nosso próprio com-fuso-horário. Que acha?
    
  Às vezes eu me deixo confuso, eu sei disso. Eu não queria falar de amor. E eu ando tão teimoso também, eu só queria falar daquilo que não me escapa, não me deixa e não me leva até o rio. Mas é sempre aquela velha história, “as rochas grandes são chamadas de montanhas e as pequenas de filhotinhos”.  Mas a gente tem tempo de sobra.
O sol já raiou e eu vou terminando aqui, esperei pra amanhã-ser, e agora é amanhã, é sempre amanhã e agora, e eu vou sendo agora, amanhã, e até.

É o brilho meu bem
É o brilho que me faz refém
O cílio desce e nem assim
Eu trilho e falho
E quando dorme
O brilho pega um atalho
Para o sorriso
De noite calo
E espero o brilho
Do sol
Não tem nada a ver com seus olhos.